Como encarar o processo de avaliação do aluno?


Continuando a reflexão iniciada ontem sobre Planejamento Escolar e procurando  responder aos questionamentos de uma de nossas colegas de trabalho segue nossa contribuição sobre o tema avaliação
Trata-se de uma abordagem crítica e reflexiva sobre o assunto procurando o despertar do professor para uma nova forma de olhar esse processo .

Avaliação, aos meus olhos, é um processo que envolve não apenas a conceituação e classificação das competências do aluno, mas envolve significativamente o professor. Envolve-o na reflexão sobre suas ações e sua prática frente à sua turma. Envolve-o no que diz respeito a si mesmo e ao outro.
Certo é que urge ressignificar a prática da avaliação. Mas como fazê-lo?

Para HOFFMANN (1996):


Historicamente, a avaliação na Educação Infantil desponta como um “elemento” de controle sobre a escola e sobre as professoras que se vêem com a tarefa“de formalizar e comprovar o trabalho realizado via avaliação das crianças

Verdadeiramente , é triste constatar que a forma como a avaliação vem sendo vista ao longo dos anos pelos profissionais da área é de caráter obrigatório e impositivo, tornando assim a prática, aos olhos de muitos enfadonha, desnecessária e repugnante.
Mas, até onde a avaliação é apenas um entrave, uma formalização, um preencher de fichas sem fim?
Até o ponto em que o professor internaliza essas informações como verdadeiras.
A avaliação é um recurso de ensino, é necessária, é mesmo essencial para uma boa prática. O professor que avalia seu aluno conhece seus avanços, observa suas dificuldades e pode ajudá-lo melhor em seu processo de aprendizagem.

Qual deve ser minha postura diante da avaliação?



No momento da avaliação, eu não levo em consideração apenas os avanços dos alunos, eu levo em consideração o processo pelo qual esses avanços foram possíveis ou não.
O olhar crítico do professor sobre a própria prática e sobre seu planejamento é que definirá sua boa avaliação.
O bom professor, por exemplo, não considera como aceitável o fato de 80% da turma não conseguir avançar em determinado conteúdo, ele considera sim que fracassou e não foi competente o suficiente para através de suas estratégias e metodologias alcançar suas metas. Ele não culpa o aluno, ele não culpa o sistema, ele avalia-se enquanto avalia o aluno (objeto de sua profissão). E após essa avaliação surgirá um novo planejamento que será benéfico não apenas para o aluno, mas servirá como facilitador do trabalho docente. Avaliar bem é uma porta aberta para o sucesso do professor.

O que fazer? O que não fazer? Como avaliar?

A avaliação é um processo contínuo, é também um processo por vezes complexo que de igual modo não deve ser apenas um preencher de fichas, não deve ser feito em apenas um momento quando sentamos para preencher nossos diários.

É preciso considerar que “[...] não é possível observar os alunos em todos os momentos, nem a memória do professor é suficiente para guardar detalhes importantes de cada um”.
[...] é necessário a elaboração de instrumentos de avaliação confiáveis para um acompanhamento também confiável.”

E, quais esses instrumentos?

Em nossa concepção, faz-se necessário sim a elaboração de relatórios levando em consideração o avanço de cada criança, não em um processo apenas coletivo, mas respeitando suas individualidades e registrando seu progresso, para, a partir desse ponto definir o conceito geral de avaliação sendo o mais justa possível com o aluno e consigo mesmo.

Se a avaliação é algo tão benéfico e não vejo nela aspectos negativos, por qual motivo ela se torna detestável e de menor valia?

Certo é que diante de uma dupla jornada de trabalho que não permite o tempo para maiores leituras e reflexão, de uma sala super lotada que castra o professor em suas observações e da desvalorização profissional que impossibilita a aquisição de novos conhecimentos ao professor por meio da participação em cursos de capacitação e leitura diária e contínua o avaliar de forma precisa e eficaz torna-se quase tarefa impossível.
Ainda assim deixamos claro que a avaliação requer uma postura crítica sobre o trabalho do professor, pois avaliar em um sentido amplo; de verdadeiramente se debruçar sobre a prática e sobre o “objeto” da profissão se torna ainda mais difícil, ainda mais complexo, ainda mais ineficaz quando o professor desconsidera essa prática como algo necessário do ponto de vista crítico e metodológico, encarando-o, assim como o planejamento, como uma prática burocrática sem um fim específico que serve apenas para tomar-lhe tempo e cumprir obrigações impostas por terceiros.
A avaliação é positiva, sobre todos os aspectos:
Ela auxilia na melhoria da prática do professor frente a seus alunos, ela estimula o aluno, uma vez que se sente feliz com seu progresso.
Considero o processo de avaliação não como um fim em si mesmo, mas como um olhar do professor sobre a própria prática, olhar esse que o levará ao sucesso profissional e satisfação pessoal.
Gi Barbosa Carvalho

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10 Comentários

  1. Ótimo texto sobre avaliação, vou imprimir para uma amiga que está tendo dificuldades em conscientizar os professores do 6º ao 9º sobre a importância de uma boa avaliação.

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  2. A avaliação é realmente muito importante e necessária em todos os ciclos da educação, essa avaliação precisa ser realizada diariamente por nós, uma vez que esse exercício direciona a nossa prática diária, obrigada por compartilhar.

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  3. a avaliação de fato é algo muito delicado e deve sempre ser diagnóstica, por isso a importância de se fazer em todos os momentos, e não apenas em um determinado.

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  4. MARAVILHA AMIGOS,MUITO OBRIGADA POR NOS PROPORCIONAR MOMENTOS DE REFLEXÃO,VOU IMPRIMIR E LAVAR PARA MEUS COLEGAS DE TRABALHO!!!

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  5. muito bom, avaliação é muito importante tanto para o aluno quanto ao professor, Avaliar não é medir, avalia-se para identificar necessidades e prioridades. obrigado.

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  6. realmente a avaliaçao é algo muito delicado pois temos que levar em conta cada um dos alunos que sao totalmente diferentes em um so conteudo avaliar,vlw gi

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  7. A avaliação é sempre um processo que merece muita atenção do professor em sala de aula.Devemos levar em conta todo o processo o que faz com que o professor tenha que ter um olhar bem apurado sobre seus alunos.

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  8. eu tbm mudei meu modo de avaliar, uso o acompanhamento diario para avaliar o conceito dos alunos, as atividades, as leituras, e vou somando junto as provas

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  9. Não consegui parar de pensar neste texto,e quanto de verdades há nele,agora quero compartilhar um ponto de vista sim...vamos lá!
    concordo com tudo que está no texto,ele me deixa calma e ao mesmo tempo triste,pois infelizmente nossos superiores ainda não compreendem a necessidade de replanejar quando há uma necessidade,transformam o ensino em uma prática aleatória quando em suas atitudes deixam claro que todos os professores só precisam de uma formação para ensinar, quando na verdade é muito necessário considerar que a própria avaliação nos leva á esse processo de idas e voltas.uma verdade:sabemos o que temos que fazer para superar as dificuldades,mas em muitos casos não temos carta branca para fazermos,isso desmotiva,machuca,mas nem por isso desistimos...é uma infinidade de questões que gira em torno da avaliação!No estado do amazonas por exemplo,os registros avaliativos sobre o desempenho do aluno,é engavetado pela secretaria da escola,e o próximo professor que vai ficar com a turma nem pega pra olhar como está o aluno,quais as dificuldades,nada, nem existe,então acabaram com os registros e agora usa-se notas bimestrais.Não sabem o que querem realmente,e nos levam juntos,porque não se pergunta como vc quer avaliar seu aluno!! é só um desabafo!!!

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  10. É certo que o sucesso no aprendizado dos alunos depende não só no esforço e trabalho dos alunos, mas também o professor é a chave principal para que este sucesso seja completo.

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