Comportados, estudiosos, solidários e invisíveis.

Texto Reflexivo Reunião de Professores 

Importante frisar que este texto nasceu da inquietação de certa afirmação que li onde alguém dizia que os alunos mais terríveis precisam de maior atenção.
E temos feito muito isso em sala de aula... Estamos dando atenção demais aos inquietos e esquecendo os demais quando o ideal é que todos sejam tratados com igualdade... Todos precisam de atenção e incentivo na mesma medida.
Leia o texto e reflita... Se enxergue se achar que pode... Analise sua prática e reveja seus conceitos.
Comportados, estudiosos,  solidários e invisíveis.


L. e D.
Eram dois alunos de uma escola pública cursando uma das séries de primeiro ciclo do Fundamental I.
L. era uma menina educada, cumpria todas as tarefas. Mas  não era apenas uma daquelas que ficam no canto . L. participava sempre que solicitado, interagia nos momentos oportunos e brincava com suas coleguinhas sem causar aborrecimentos na hora do recreio. Era solidária e companheira.
 A mãe de L. quase nunca podia comparecer às reuniões, mas todo fim de tarde estava à porta esperando a filha que a abraçava e abria um sorriso imenso. Quando a mãe de L. podia faltar no emprego de garçonete e ir à reunião lamentava as faltas pois sabia que a filha sentia muito.
O pai de L. era pedreiro, raro poder comparecer, pois os horários não batiam.
Enfim, L. era uma menina comportada, estudiosa , solidárias e maravilhosa, mas podemos dizer que era quase invisível e talvez vocês entendam o termo lá adiante.
D. era um menino de 9 anos, a mesma idade de L., ele era um daqueles alunos que não para quieto, que não faz uma única atividade e que pratica Bullyng o tempo inteiro. 
Não, D. não pertencia à uma família em situação de vulnerabilidade social.
O pai de D. era comerciante e sua mãe funcionária pública.
D.  também não apresentava transtorno de aprendizagem  sabemos disso por conta de ter sido verificado anteriormente... Ele apenas não queria aprender e ponto. 
Os pais de D. eram carinhosos, compareciam às reuniões, ouviam os professores e tinham um outro filho na mesma sala que se comportava muito bem.
 D. era bem cuidado, bem alimentado e de longe se percebia que recebia muito carinho.
Agora que conhecemos L. e D. vamos perceber como era o dia a dia dos dois em sala.
L. cumpria suas tarefas e D. não cumpria. Mas quando D. cumpria havia uma festa na sala. A professora elogiava, pedia aos colegas para observarem e elogiarem.
O feito de D. era incrível!
Ela fazia isso a fim de que D. tomasse gosto pelo trabalho. Ela aprendeu que um aluno agitado carece de mais atenção que os outros.
L. não recebia mais que anotação no caderno , um parabéns ou um muito bom... L. não precisava de elogio... Ela já era boa o suficiente.
D. era abraçado, acarinhado enquanto L. recebia um sorriso e um MUITO BOM!
Se D. tratava bem um colega era alegria... D. inclusive ganhava adesivo por ter se comportado bem... L. recebia o mesmo adesivo, mas sem nenhuma festa.
O ano terminou L. passou de ano D. também... Apesar de D. não ter feito basicamente nem 50% das atividades propostas
No próximo ano começa tudo de novo... 
D. vai ser ovacionado por cada feito e L. vai sentir que não fez mais que sua obrigação.
D. inclusive aproveitou na festa de encerramento pra zombar do carro velho do pai de L. Dizia que o do pai dele era do ano... E que carro caindo aos pedaços a colega andava.
Esperamos que lá adiante o mundo seja mais justo com L. e quem sabe nós mesmos comecemos a enxergar os invisíveis que cumprem suas obrigações e elogiá-los constantemente em lugar de focar toda nossa atenção, carinho e esforço no aluno que tem comportamento inadequado 90% do tempo... Todos os nossos alunos precisam igualmente de atenção, carinho e respeito... Não é justo que nos doemos inteiramente apenas a um e esqueçamos os demais.

Ideia Criativa®. Artigo criado por Gi Barbosa em . Atividades pedagógicas para Educação Infantil Atividades e planos de aula para professores da Educação Infantil. Classificação: 5

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