Reflexões sobre o trabalho com bebês

Reflexões sobre o trabalho com bebês

Artigo com propostas de atividades para bebês


Aline Borges, blogueira, pedagoga , 
psicopedagoga ,
professora de educação infantil 
na rede municipal de de São Paulo.

O trabalho com os bebês é permeado por preconceitos e mal-entendidos e por isso, por vezes, subestimado. É comum observarmos falas, mesmo entre profissionais da área da educação, que desvalorizam o trabalho no berçário. Tais quais:“Não estudei para trocar fralda..”“Não quero trabalhar com berçário, eu gosto de dar aula!”
Tais comentários revelam a ausência de compreensão do trabalho com bebês, quem são, o que aprendem e como aprendem!
 A primeira atitude para romper com o preconceito à faixa etária é conhecendo as características da mesma.
Sabemos que desde o nascimento, o bebê aprende, primeiro com a mãe, as pessoas mais próximas e o ambiente. Essas primeiras interações vão compondo seu repertório cognitivo, social e afetivo. Eles não chegam a escola sem “saber nada”, eles chegam sabendo muita coisa. Cabe ao professore organizar situações de aprendizagem em que esse repertório seja revelado e ampliado.
O primeiro instrumento de aprendizagem da criança é o corpo: cores, sabores, aromas, sons e sensações compõem o ponto de partida para todas as aprendizagens futuras e para o desenvolvimento total do indivíduo. Como esse corpo encontra os estímulos que lhe permitirão se desenvolver plenamente? Por meio do movimento!
Pegar, apertar, morder, esfregar, rolar, sentar, engatinhar, levantar-se, escalar, andar, correr pisar, fazem parte da maneira como os bebês aprendem, agindo sobre o objeto de conhecimento, isto é, o ambiente e o outro.
Um ambiente acolhedor, seguro e convidativo à exploração, preparado intencionalmente para receber os bebês é parte fundamental do trabalho com a faixa etária. Chão, teto, paredes são como telas em branco a serem “ coloridas” pelo professor de berçário. Toda a sala de aula pode e deve ser um convite à descoberta.

Para o teto pode-se criar uma infinidade de móbiles, com texturas, cores, formas, aromas, e sons diversos. Os móbiles atendem tanto a necessidade dos pequenos que ainda não se locomovem, pois é um convite ao toque, como aos que engatinham ou andam.
Figura 1- Móbile aromático - FONTE: Vivência dos Pequenos
Figura 2 - Varal de chamadinha .Fonte -Creche Municipal Pipa no Céu

Figura 3 - Parque sonoro- Fonte Catraquinha Livre

O chão é o palco dos bebês engatinhantes e rolantes, que estão adquirindo autonomia no processo de locomoção. 


Figura 4 - Proposta com plástico bolha - Fonte Berçário- Brincar e criar é só começar
 
Figura 5- Tapete sensorial com plástico e tinta - Fonte Can kiddo



Figura 6- Tapete sensorial Fonte Foto Blog da Rê
Tendo em vista as características dessa faixa etária não há necessidade de muito mobiliário na sala, atividades de pintura por exemplo podem ser feitas também com apoio do chão e paredes. Os suportes de pintura podem ser os mais variados: papel, papelão, plástico, azulejo, lixa. Não precisa se limitar as tintas do mercado, há uma porção de receitas de tintas caseiras a serem exploradas na internet, além disso, pode ser utilizado o carvão, cubos de gelo com anilina, gelatinas. As possibilidades são infinitas!
A organização do espaço deve ser pensada de maneira flexível e reformulada periodicamente sempre que as possibilidades exploratórias se esgotarem.
Além do ambiente, as interações sociais são de grande importância para a aprendizagem da criança pequena. É no intercambio de afetos que ela se percebe um ser único.Dando início à construção de sua identidade.
Entende-se por afetividade, a capacidade que o indivíduo tem de afetar positivamente ou negativamente o outro, por tanto, no trabalho com bebês a afetividade é primordial, nossas ações devem estar pautadas de intencionalidade e reflexão constantes.
Todos os momentos da rotina com os pequeninos devem estar permeados de intencionalidade. Os bebês aprendem enquanto são cuidados, numa troca de fraldas, por exemplo, eles aprendem sobre o que seu corpo é capaz de produzir (conhecimento de si), estreitam laços com o educador que o troca (conhecimento do outro), entendem que toda vez que estiver sujo, alguém vem limpá-lo, internaliza a necessidade de estar limpo e que isso é bom para ele e para o outro que o limpou.
Os momentos de alimentação são palco privilegiado de exploração de cores, sabores, texturas e temperaturas, além de ser uma aprendizagem social riquíssima! Tudo é aprendizagem, o cuidar e educar são indissociáveis!
           
Sendo assim, é necessário conhecimento teórico e técnico para preparar situações intencionais  de aprendizagem  condizentes com a faixa etária e características do  grupo, bem como para  avaliar essas situações e interferir de maneira eficaz quando necessário. Logo, o trabalho com os bebês é extremamente importante, desafiador e gratificante.

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